No dia da avó...



Meus pais mandaram para os netos a mensagem abaixo. Havia fotografado uma senhora no Jardin de Luxembourg que parece muito mais com a avó do poema do que a avó "de verdade"...


Aí a mensagem que mandamos para os netos.
Raimundo e Lindalva.


Olavo Bilac

A Avó

A avó, que tem oitenta anos,
Está tão fraca e velhinha! . . .
Teve tantos desenganos!
Ficou branquinha, branquinha,
Com os desgostos humanos.

Hoje, na sua cadeira,
Repousa, pálida e fria,
Depois de tanta canseira:
E cochila todo o dia,
E cochila a noite inteira.

Às vezes, porém, o bando
Dos netos invade a sala . . .
Entram rindo e papagueando:
Este briga, aquele fala,
Aquele dança, pulando . . .

A velha acorda sorrindo,
E a alegria a transfigura;
Seu rosto fica mais lindo,
Vendo tanta travessura,
E tanto barulho ouvindo.

Chama os netos adorados,
Beija-os, e, tremulamente,
Passa os dedos engelhados,
Lentamente, lentamente,
Por seus cabelos, doirados.

Fica mais moça, e palpita,
E recupera a memória,
Quando um dos netinhos grita:
"Ó vovó! conte uma história!
Conte uma história bonita!"

Então, com frases pausadas,
Conta historias de quimeras,
Em que há palácios de fadas,
E feiticeiras, e feras,
E princesas encantadas . . .

E os netinhos estremecem,
Os contos acompanhando,
E as travessuras esquecem,
— Até que, a fronte inclinando
Sobre o seu colo, adormecem . . .

Ter


ou não ter.

Porcelana,


branca porcelana.

Suspensa


luz amarela de lampião.

Happiness in Paris:


amigos em viagem se deixam fotografar...

Chão


e a vontade de pisar descalça.

Anjo


que escorregou do céu...

Na feira


uma "latinha" de azeitonas...

Uma abelha de verdade


numa flor de lavanda de verdade.

Rio


transparente.

O tempo


foge velozmente...