Abel



Avô materno
Aquele homem nunca tinha ido a Cuba
mas tratava o fumo
com a mesma destreza de um mestre cubano:
uma a uma as folhas de fumo se acomodavam em suas mãos
para formar uma "corda".
E, com a ajuda de uma faca já amoldada pelo uso,
ia vender na feira seu trabalho.

Aquele homem também tocava concertina
e deslizava pelo teclado seus dedos amarelados pelo fumo.

Assim como no seu ofício,
ele sabia tocar as músicas que a vida ensinou.
E enchia a casa de som e cheiro,
inebriando seus filhos com a devoção ao trabalho,
intercalada aos prazeres da música.
Lisbeth Lima, Dormência, 2002

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